Emissário Submarino de Esgoto e a polêmica sobre o sistema na capital de Santa Catarina
Emissário Submarino de Esgoto, saiba um pouco mais...
Que os emissários submarinos são uma prática controversa, não se tem dúvida, pois apresentam desafios ambientais, especialmente se os efluentes não forem adequadamente tratados. A aceitação e sucesso desses sistemas dependem da implementação de tecnologias eficazes de tratamento, regulamentação rigorosa e da consideração dos impactos sociais e ambientais locais.
Mas você sabe o que é um emissário submarino?
Um emissário submarino é uma estrutura que consiste em tubos ou canos subaquáticos projetados para transportar efluentes (esgoto ou água tratada) desde uma fonte terrestre até um ponto de liberação no ambiente marinho. Essa prática é utilizada em sistemas de gestão de águas residuais em áreas costeiras. O emissário não é uma estação de tratamento, mas sim um equipamento para disposição final de efluente.
Emissários submarinos são frequentemente usados para liberar efluentes tratados provenientes de instalações de tratamento de águas residuais. Isso significa que os poluentes são, em teoria, reduzidos a níveis aceitáveis antes da liberação no oceano. A diluição proporcionada pelo oceano ajuda a dispersar os efluentes, o que pode reduzir o impacto direto nos ecossistemas costeiros e o lançamento de efluentes diretamente no oceano pode evitar problemas de odores desagradáveis associados à liberação em águas superficiais próximas à costa. Em comparação com outras opções de descarte de efluentes, como sistemas terrestres complexos, os emissários submarinos podem ter custos iniciais e operacionais mais baixos.
Por outro lado, mesmo com a diluição, a liberação de efluentes pode ter impactos negativos nos ecossistemas marinhos locais, especialmente se os efluentes não forem adequadamente tratados. Emissários submarinos podem contribuir para a eutrofização, um processo no qual a entrada excessiva de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, promove o crescimento excessivo de algas, levando a desequilíbrios no ecossistema marinho. Se o tratamento de águas residuais não for eficaz, a liberação de contaminantes não tratados pode causar danos aos organismos marinhos e ecossistemas costeiros. Em áreas onde as atividades humanas e recreativas ocorrem, pode haver riscos para a saúde humana associados à liberação de efluentes não tratados.
As comunidades locais resistem à instalação de emissários submarinos devido a preocupações ambientais, estéticas ou econômicas e a eficácia dos emissários submarinos dependem da regulamentação e fiscalização rigorosas para garantir que os padrões de descarte e tratamento sejam seguidos. A falta de regulamentação adequada pode resultar em danos ambientais significativos.
Em suma, a implementação de emissários submarinos envolve uma avaliação cuidadosa dos impactos ambientais e uma gestão adequada para garantir que os benefícios superem os riscos. A tecnologia e as práticas de tratamento de águas residuais continuam a evoluir para abordar essas preocupações.
Polêmica na ilha de Florianópolis
Após as polêmicas do Sistema de Disposição Oceânica do Sul da llha, “Emissário do Campeche”, que enfrentou forte resistências das comunidades locais, segundo projeto apresentado pela Casan ao IMA, que visava ampliar a rede de esgotamento sanitário de Florianópolis e das Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) por meio da implantação de tubulação subterrânea com comprimento de aproximadamente cinco mil metros, em um eixo perpendicular à linha da costa localizado ao norte da Ilha de Campeche e distante 5.300 metros da mesma, a “bola da vez” agora é a Baía Sul.
Segundo a Agência de Notícias do governo do estado, a equipe de engenharia da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) já desenvolveu o projeto do emissário terrestre que mudará o ponto de lançamento de efluente da ETE Campeche.
“Por questões ambientais, a CASAN teve de alterar a destinação do efluente no Rio Tavares, o que acabou interrompendo a conclusão do sistema de esgotamento sanitário do Sul da ilha. Pelo novo planejamento, dois emissários terrestres, um de esgoto bruto e outro de esgoto tratado, transportarão o esgoto em processo terciário (98% de pureza) para a Baía Sul, na região do canal 10 do Saco dos Limões.”
A Câmara Municipal de Florianópolis, através da Comissão de Viação, Obras Públicas e Urbanismo realizou nesta quarta-feira (11), às 19h30 reunião ampliada para discutir a instalação de emissário submarino no Saco dos Limões, sua estrutura, o sistema, plano de contingência dos danos para a comunidade e os benefícios para cidade, ocorrido na quadra da Escola de Samba Consulado no bairro Saco dos Limões com a presença dos seguintes órgãos: a CASAN (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento) , IMA (Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina), ICMBIO ( Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), FLORAM (Fundação Municipal do Meio Ambiente), ARESC (Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Catarina) e com a Secretaria do Meio Ambiente Desenvolvimento Urbano.
Conforme divulgado pela CASAN, em 05 de maio de 2023, foram retomadas as obras de implantação do emissário no Bairro Saco dos Limões que receberá o esgoto das redes coletoras instaladas nos bairros Itacorubi, Parque São Jorge, Jardim Anchieta e Córrego Grande e encaminhará para o tratamento na ETE Insular, localizada na cabeceira da ponte Pedro Ivo Campos, no aterro da baía sul.
A Sociedade e a responsabilidade
O meio ambiente é responsabilidade de todos!
Somos tentados a transferir a responsabilidade pelos danos ambientais às empresas e seus resíduos tóxicos, à agricultura, mas como podemos ver, a aglomeração e adensamento populacional gera grandes impactos para a natureza.
É preciso a participação de todos nós nas decisões que afetam nossas comunidades, nossas cidades, nosso planeta. Empresas privadas e públicas, organizações não governamentais, governo, associações e o cidadão, somos todos partícipes nesta convivência que chamamos “sociedade".